Dentre muitos clássicos lançados para Super Nintendo pela própria fabricante do videogame lá pela metade dos anos 90, uma das séries que mais ficou marcada na lembrança dos jogadores é "Donkey Kong Country".
Concebida pela produtora britânica Rare, deu nova vida ao antigo mascote da Big N, o gorilão Donkey Kong, meio esquecido desde que brilhou nos fliperamas nos anos 80. Os cartuchos impressionaram por apresentarem gráficos feitos em computação gráfica de ponta para a época e também um clássico estilo de aventura plataforma em 2D, com mundos repletos de fases e segredos para descobrir.
Sucesso de crítica e vendas, a vertente "Country" rendeu uma trilogia no SNES e ainda inspirou jogos portáteis e outra produção em 3D para o Nintendo 64 - além de também alçar Donkey de volta ao rol de principais heróis da Nintendo.
Após anos fora de cena, "Donkey Kong Country Returns" marca o retorno de DK às aventuras plataforma em grande estilo no Wii, focando no estilo clássico, mas com qualidade e capricho sem igual.
Renovando a nostalgia
Finalmente, a Nintendo decidiu apostar novamente na nostalgia e carisma do herói, revivendo a linha "Country". Como a Rare agora é produtora exclusiva da Microsoft, a missão passou para a Retro Studios, renomada pelo excelente trabalho na trilogia "Metroid Prime". Com extrema competência, a equipe fez jus à missão, criando uma experiência divertida e polida, com requintes que, veja só, parecem até da antiga Rare.
"DKCR" não enrola e parte logo para a ação: uma breve animação em computação gráfica mostra estranhos totens surgindo na ilha de Donkey, hipnotizando os animais do lugar e fazendo-os roubar todas as bananas do macacão. Assim, o gorila e o chimpanzé partem para resgatar o tesouro passando por cenários dos mais familiares.
O game é referência direta ao primeiro "Donkey Kong Country", trazendo elementos conhecidos o tempo todo. O primeiro mundo é a selva, depois aparecem também ambientes de florestas mais densas, cavernas (com direito a muitas fases sobre carrinhos de mina, com movimento automático de tela), fábrica e outros. São oito mundos no total, mas há cortes em relação ao passado: não há fases de neve ou mesmo debaixo da água, que eram muito marcantes. Outro corte que deve ser sentido é com relação aos animais amigos controláveis: o rinoceronte Rambi, está lá, por exemplo, mas o papagagio Squawks aparece apenas como um ajudante, não é controlável diretamente.
Dentre os poderes, há novidades: além de rolar, os macacos podem bater no chão e assoprar, utilizados para interagir de diferentes maneiras com o cenário, como quebrar pedras ou fazer cata-ventos girar. Por sua vez, essa interação ajuda a descobrir mais e mais itens e passagens secretas. "Returns" honra o estilo Rare de ser, apresentando diversos cacarecos para coletar, como peças de quebra-cabeça, moedas e balões de vida extra. Depois, claro, tudo conta para a porcentagem total de jogo e ainda ajuda a habilitar novas fases e conteúdo extra, como imagens e músicas para ver em galerias.
Nos controles ainda há outra grande mudança: jogando sozinho você controla apenas Donkey Kong e ao recrutar Diddy (tirando-o de um barril, claro) é possível rolar por mais tempo e flutuar por algus segundos nos saltos, utilizando o par de foguetes do macaquinho. Além disso, é possível também jogar simultaneamente de forma cooperativa, resultando numa experiência muito similar a "New Super Mario Bros. Wii", mas sem tanta bagunça. A única reclamação fica por conta do ataque de rolar, ativado apenas ao balançar o controle: às vezes você acaba rolando por engano ao chacoalhar o Wii Remote sem querer, e isso pode acabar resultando em um pulo errado e a morte certa para o símio de gravata.
Assim, a mecânica não replica exatamente o estilo visto nas aventuras do Super Nintendo, parecendo mais uma versão renovada e mais ágil. O design das fases é divertido e inteligente, quase como um quebra-cabeça, deixando claro que é possível atravessá-las de forma rápida e coletando vários itens.
Ao mesmo tempo, incentivam também uma exploração mais detalhada, graças à inteligência e capricho extremo no visual. Os gráficos 3D são detalhados, coloridos e bem animados; o tempo todo há elementos no cenário que vibram e reagem aos movimentos dos Kongs. O título ainda emprega momentos de 2,5D, jogando os macacos para passear em outros planos de cenário, ora jogando eles para o fundo, ora para frente ou às vezes até atirando eles de um canto para outro no cenário. É divertido de acompanhar e renova a brincadeira.
No mais, "DKCR" impressiona também pela dificuldade elevada. Enquanto alguns outros jogos da Nintendo nos últimos tempos claramente pegam leve no desafio, buscando agradar um público maior, "Donkey Kong" traz dificuldade na medida e similar à dos episódios de Super Nintendo, complicando sem frustrar.